sempre começa calmo e doce, suave por onde o ar entra.
então, a memória começa a se prender a detalhes, coisa à toa
o estômago embrulha, os dedos dos pés adormecem, o rosto em flamas e uma agonia: cada carro na rua, cada rosto, cada blusa listrada azul-vermelha, aquele velho corte de cabelo e eu na mão, sem saber ao certo a direção.
eu choro, eu berro, me estraçalho sozinha no piso do banheiro.
não era nada, por que o nada sempre é.
e agora é o vento, brisa toma conta e eu sigo a pé.
você,
do outro lado do mundo,
agarra a outra mão.
nosso antigo retrato.