terça-feira, 24 de agosto de 2010

uma certa simpatia por genebra ?

Eu fiz essa descoberta e adoraria compartilhar. Sentada no ato mais clichê de todos neste starbucks no centro de Genebra, aproveito para roubar um pouco de internet e ler, ao som de um Marley bem usado, "O livro de areia" de Borges, em sua versão francesa e nostálgica dos seus últimos tempos em Genève. O que vem bem a calhar no momento. Daí tiro a minha grande conclusão : a literatura está sempre sempre tentando me salvar. E mais, acho que de vez em quando ela até que consegue. Os dois únicos romances que leio e li neste verão : "a insustentável leveza do ser" do Kundera e este tipo do Borges se passam de uma maneira ou de outra em Genève. Até então, a única figura com ar - mesmo que não dos mais nobres - literário que encontrei por Genebra, foi Paulo Coelho, que passou por mim perto de Bel-Air cité, entre os grandes bancos. Isso poderia ser um mau sinal, diriam muitos dos meus coleguinhas do curso de Letras, mas sei lá, tomei como coisa boa. Talvez seja mesmo a hora de acabar com esse meu horror por Genebra e começar a ver neste lugar um certo aprendizado : como uma cidade tão cinza e lenta pode ainda servir de cenário inspirador para essa minha amiga literatura. Aqui talvez não seja um lugar ideal para o meu cinema, as imagens são muito muito brutas, e esculpí-las seria um desastre. Mas esse ar genevois pode ser uma boa bruma inspiradora para metáforas e desvairios possíveis somente no mundo das letras. Estou começando a entender a voz calada desta cidade como algo de acidentalmente nobre, poético. Afinal, a tristeza é prato cheio para os versos. Vou aqui tentando andar de olhos fechados e ouvidos atentos para qualquer segredo que as brumas dos alpes queiram murmurar, e quem sabe um ou dois versos podem rolar por cá, por lá.

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