E tudo aquilo que você me dizia ter certeza era nada. Um nada tão intenso que me tocava naquela calma preliminar de quem ama assim: preliminarmente. Olha para mim e me reconhece. Nada. Eu vejo todo o vazio nos seus olhos, e de repente me dou conta de que o vazio passa além, e transborda em lágrimas tão nulas que te fazem chorar também. O que eu queria não era isso, não era eu, e muito menos você. Você me pede calma. Você me pede compreensão: eu te amo, mas não vivo com você, não posso, dói. Dói é ver você se esquivar de mim por cordialidade, por ser assim, sempre tão habitual. E por acaso é habitual sentir? Claro que sim, a dor é nosso estado natural, meu amor. Nada. Você me olha e por fim me abraça. Que nada mais remoído, mais cheio de culpa, mais cheio de tudo. Que mãos carregadas de histórias que ficaram para trás, e para trás ficarão, nesse nada completo, como você foi um dia. Eu me afundo num desespero calado, fechado, preliminar, como tudo o mais; desespero único de quem te implora as respostas da pergunta nunca feita. Que aconchego foi esse? Que amor danado de doído foi o que você me deu? Eu sinto nada. Eu não
sinto mais nada.
E se tudo isso era apenas uma ausência, eu desisto. Você bebe, você fuma e se entrega aos vícios todos de onde não tiro prazer algum. Eu te espero. Eu te observo. Você não me diz . O que espera da vida? O que espera de mim? E o que espera do amor? Algum dia você soube o que era o amor? Algum dia soube entender esse sentir que me queimava tanto, há tanto, tanto tempo atrás? Eu olho para você e te reconheço. Meus olhos te mostram esse vazio que de tão vazio afunda nessa lágrima solitária. Como eu. Como você. Você ama. Eu amo. E o que você me diz, afinal?
Nada.
Na-da.
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