quinta-feira, 26 de junho de 2008

Sólido gelo estrangulando corações

Dentro do olhar delicado é onde toco o horizonte
Na voz devastada por cacos de vidro, engulo nosso enorme edifício
O sangue rasgado, rojando em espaços de um concreto armado,
Meu coração desliza na poça de barro

De dedos em chagas evaporam borboletas de fogo
Asas quebradas e toque voluptuoso
Carros vagueiam por entranhas de um cérebro vasto
A única via possível é em vermelho vibrante: Percalço!

Aviões embreagados acordam os ouvidos sinceros
Da língua afiada, a mordida vira palha,
Queimando em fiapos esse mármore virgem,
Não trabalhado, corpo exaurido, de humor cultivado
Donde serpenteiam correntes de aço.

Resista, herói, aos tumores e ardores
A carne quente, aberta em feridas,
Sangrando desprendida do que é meu e seu
Segura essa saliva que corrói agora esses belos lábios
Dispersa a preguiça da exaustão de ser infinito
Ignora a construção perfeita disso chamado bem
Esfrega no seio a insegurança do despeito
Se joga nessa cama de pregos
Aguarda a redenção,
Ou te perde,
Ó, solitário coração.

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