domingo, 4 de novembro de 2007

Do belo e da vida.

Quando a beleza chega,

Ela vem de mansinho,

E tão devastadora que só o amor.

Um beija-flor que exerce bem-querer

Na minha laranjeira,

Cheia de encantos no seu pudor;

Um bem-te-vi descabelado,

Amerilinho como as listras do meu jabuti,

Colhe cheiros e poesias

Da janela do quarto em que me dormi.

Uma rosa só e desvairada,

Repousando no meu lençol de cetim azul,

Nem compreende, ela, que maluquices

Ali rolaram ao som de um blues.

Tanta coisa feita de detalhes

E de pura e só beleza,

Que no fim do dia,

Como uma lágrima rasteira,

Sobra-me a companheira:

A humilde e melancólica tristeza.

Por que são assim mesmo

As coisas do amor e do belo,

A nada pertencem e a nada vieram.

Passam zunindo pelas frestas da vida,

E aí, sem cortejos nem despedidas,

Voltam, calmas, aos seus mistérios.

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