Quando a beleza chega,
Ela vem de mansinho,
E tão devastadora que só o amor.
Um beija-flor que exerce bem-querer
Na minha laranjeira,
Cheia de encantos no seu pudor;
Um bem-te-vi descabelado,
Amerilinho como as listras do meu jabuti,
Colhe cheiros e poesias
Da janela do quarto em que me dormi.
Uma rosa só e desvairada,
Repousando no meu lençol de cetim azul,
Nem compreende, ela, que maluquices
Ali rolaram ao som de um blues.
Tanta coisa feita de detalhes
E de pura e só beleza,
Que no fim do dia,
Como uma lágrima rasteira,
Sobra-me a companheira:
A humilde e melancólica tristeza.
Por que são assim mesmo
As coisas do amor e do belo,
A nada pertencem e a nada vieram.
Passam zunindo pelas frestas da vida,
E aí, sem cortejos nem despedidas,
Voltam, calmas, aos seus mistérios.
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