não sou e jamais serei o tipo de pessoa que resta. restarei passando, como sempre fiz. um espetáculo de espelhos que correm, correm, quase sem pressa. me resguardo em pequenos pedaços de gentes que ficam soltos dentro de mim: o sorriso de um, o cheiro de outra, o beijo daquele a lembrança de outrora. vou me prendendo a estes pequeninos souvenirs que coleciono - corpos e retalhos de almas cedidos a mim. vou me fazendo grande, inchada, boneca de chita costurada por dentro - nó cego. é impossível, portanto, medir a dimensão dos carinhos, eles passam e eu vou ficando, só os querendo ver avante, avante. por que cada um me toca de um jeito, por um lado, por um novo espelho (meu), e é de vidro arado que meu coração vira cristal, frágil e delicado, pronto, pronto a ser quebrado e retalhado. então, a beleza de viver: catar pedaços de conchas que vão nos transformando no molusco mais ousado, cheio de tatos, todo meleca - me encosta e estremeço - já sou quase saudade, evoluindo, me contraindo, me despedindo sempre, para novamente embarcar em mais um terreno. ninguém é feito de um só, ninguém passa imune a um encontro, um beijo, um sexo, ou apenas ao desejo. é sempre solitário viver no meio dos outros (sem ilusões) por que a solidão é inevitavelmente feita do encontro.
e desse nosso, devo dizer que nada saiu imune, foi tudo acertado, foi tudo vivido. e aqui apresento meu pequenino coração, já tão cheio de você reluzindo cores e luzes dentro de mim. prazer!
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