Se sou calma não é por falta de avisos ou de flagrantes, é só por que me aquieto na sensação de sentir que sou bem viva, bem amarga-amada-sofrida. Assim somos nós, que não desatam a qualquer palavra. Você me fere e eu sangro na ingenuidade de te acreditar ditador do meu destino. Você me chama querida, e depois me diz menina. Por que a minha alegria não se constrói nesses desencantos. Sou esta pequena menina que se perdeu no vestido grande demais da mulher. Sou uma grande rasteira em mim mesma, uma poesia maior que me deu na telha. Tenho vontades e desejos infinitos, queria poder esbravejar e derramar meus sentidos no mundo. Mas sou pequena, como cada um de nós também o é. Não tenho poses, não sou rainha, sou eu apenas aqui de braços abertos. Eu te digo: a calma dos meus sentidos só não é maior do que o caldeira que é meu coração, borbulhando a sua presença dentro de mim, como em uma lembrança que não tarda e que não cessa. Eu te explodo em mim constantemente, por que sou feita dos seus pedaços, cabelos, lábios, traços, sou um pouco feita de você, e transpiro amargamente toda a raiva e o amor que você me causa. Queria saber te odiar mais para me fazer perseverança – menos mulher-menina – e aprender a me amar melhor, mim – sem ti.
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