quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
pura ficção.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
e desse nosso, devo dizer que nada saiu imune, foi tudo acertado, foi tudo vivido. e aqui apresento meu pequenino coração, já tão cheio de você reluzindo cores e luzes dentro de mim. prazer!
domingo, 25 de novembro de 2007
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
a vontade de agora é largar tudo: carreira, mãe, emprego, saúde, sucesso. me perder exausta entre os suores e as mais delicadas perdições do meu corpo - que conheço tão pouco. me prender mais a mim mesma e desbravar horizontes, sem medos dos outros, do mundo, ou de você.
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
fim.
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volta?
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
encontro.
domingo, 18 de novembro de 2007
é sempre bom estar em casa.
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
É de flor desmanchada que escrevo essa carta, é para constatar o meu não-amor e a minha devassidão. Acordei injuriada com o tamanho do mundo para o pequeno e estreito laço que une duas pessoas, é frágil e amargo, é como um corte no pé, desses que já não se dá conta do tamanho, mas sente-se como se fosse uma atmosfera. É com isso que quero e tenho saudade, por que é de sal refinado o nosso elo, não é doce nem simples, é esturricado, e precisa de moderação, cuidado, tempero forte. Já estava decidida que paixão, saudade, cheiro, lembrança, tudo era só ficção e o nosso encontro era dos mais sérios, de gente grande – mas não – descobri quê menina ainda sou, chorando, agarrada a este monte de coisas suas, vazias, me dizendo de você, que foi longe e deixou o peito aqui murcho, calado e triste como uma criança sem mãe.
É de carinho a minha procura cega por rastros e saídas de me contentar, é de tempo, tanto tempo que minha pele toda se inflama, é de ausência que meu estômago reclama, é de amor que tudo vibra. A música, as coisas clássicas e clichês de namorados – ou apenas esses nós que se amam – o cobertor favorito, a caneca, aquele vinho, o nosso filme, o seu livro, a minha rede e nós dois, que pensávamos que tudo isso não era nada. E por isso obrigada, pela enorme ausência que se tornou intolerável e me fez concluir que a presença é incondicional. Três pontos e uma pausa.
A verdade é que escrevo por que você está longe e é alguma coisa como meu dever te dar notícias, e a principal é mesmo essa – não se assuste – mas descobri qualquer coisa parecida com um “te amo”.
domingo, 4 de novembro de 2007
Se sou calma não é por falta de avisos ou de flagrantes, é só por que me aquieto na sensação de sentir que sou bem viva, bem amarga-amada-sofrida. Assim somos nós, que não desatam a qualquer palavra. Você me fere e eu sangro na ingenuidade de te acreditar ditador do meu destino. Você me chama querida, e depois me diz menina. Por que a minha alegria não se constrói nesses desencantos. Sou esta pequena menina que se perdeu no vestido grande demais da mulher. Sou uma grande rasteira em mim mesma, uma poesia maior que me deu na telha. Tenho vontades e desejos infinitos, queria poder esbravejar e derramar meus sentidos no mundo. Mas sou pequena, como cada um de nós também o é. Não tenho poses, não sou rainha, sou eu apenas aqui de braços abertos. Eu te digo: a calma dos meus sentidos só não é maior do que o caldeira que é meu coração, borbulhando a sua presença dentro de mim, como em uma lembrança que não tarda e que não cessa. Eu te explodo em mim constantemente, por que sou feita dos seus pedaços, cabelos, lábios, traços, sou um pouco feita de você, e transpiro amargamente toda a raiva e o amor que você me causa. Queria saber te odiar mais para me fazer perseverança – menos mulher-menina – e aprender a me amar melhor, mim – sem ti.
mantra.
Cortar os pulsos, beber demais, amar em doses intermináveis.
É com o tempo que se percebe que o mal do mundo não é na gente,
mas nos olhos dos outros.
E com tantos olhares me julgando,
meu coração se esfriou:
água rasa para pratos fundos.
As fantasias que eu guardava, a esperança de um sonho ninado,
coisas tantas de um mundo de Alice,
já são passado, passado,
como passa o algo que vivo neste instante.
E é assim que a vida corre:
amarga, sem esperar por ninguém,
repleta de deuses que me olham e me alteram.
Cortar os pulsos, beber demais, amar demais.
Cortar os pulsos, beber demais, amar demais.
Cortar os pulsos, beber demais, amar demais.
Cortar os pulsos, beber demais, amar demais.
Cortar os pulsos, beber demais, amar demais.
Cortar os pulsos, beber demais, amar demais.
Cortar os pulsos, beber demais, amar demais.
Cortar os pulsos, beber demais, amar demais.
Do belo e da vida.
Quando a beleza chega,
Ela vem de mansinho,
E tão devastadora que só o amor.
Um beija-flor que exerce bem-querer
Na minha laranjeira,
Cheia de encantos no seu pudor;
Um bem-te-vi descabelado,
Amerilinho como as listras do meu jabuti,
Colhe cheiros e poesias
Da janela do quarto em que me dormi.
Uma rosa só e desvairada,
Repousando no meu lençol de cetim azul,
Nem compreende, ela, que maluquices
Ali rolaram ao som de um blues.
Tanta coisa feita de detalhes
E de pura e só beleza,
Que no fim do dia,
Como uma lágrima rasteira,
Sobra-me a companheira:
A humilde e melancólica tristeza.
Por que são assim mesmo
As coisas do amor e do belo,
A nada pertencem e a nada vieram.
Passam zunindo pelas frestas da vida,
E aí, sem cortejos nem despedidas,
Voltam, calmas, aos seus mistérios.
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Para ela.

Só por que eu sei que aquela mulher escrevia coisas bonitas, não posso deixar de pensar nessa tristeza tão quieta que lhe habitava. E quando eu olhava para ela, ali, sempre tão calada e quieta, a sensação que me dava não era de paz...Era dor. Era a dor do mundo inteiro que aquela mulher carregava dentro de si. A vi poucas vezes, estive com ela todos os dias, desde que me entendi gente. Agora, o que sinto é um desespero inabalável de me sentir só, e triste, como ela. Todo artista é artista sem querer, é artista por que a vida não te dá outra chance de pegar o bonde.
É assim que eu tento escrever, sem muito método, sem muita teorização, para levar a vida como ela: humildemente em busca dessa liberdade.
E que liberdade mais cheia de apuros! Liberdade de todas as almas, de todas as vidas entrelaçadas. E esse olhar tristeza, que ela trazia com ela, era inquietante, assustador. E foi por medo desse olhar me julgar que eu resolvi escrever. Por medo de me perder. Por medo de não conseguir nem chegar perto de entender tudo aquilo que ela havia deixado para mim. E pra você. E pra você.
Sempre que sento nessa cadeira, que acendo a luz e coloco a caneca de café ao lado, eu não faço idéia do que vai sair. Sempre sou negativa e acredito que tudo acabou e que a fonte secou. Aí, lembro dela e tudo muda, de repente me vejo com cinco novos textos, vindos assim: do nada. Ou dela. Ela comigo e eu estou condenada ao selo eterno de escritora.
Que o universo conspire para que eu nunca me esqueça de Clarice Lispector.
E nem você. E nem você.
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Naufragados, eu e ele.
Uma banheira rasa de incertezas,
Era tudo tão bonito, era tão mistério:
Eu lá, em cima daquela bandeja, me servindo de princesa.
Não era mais nada,
Só, mais uma vez eu lá, sós.
Os caras passando, as vãs correndo, as moças rindo
Eu só, sem ninguém para me trazer um destino.
Há incerteza em todos os olhares,
Mas nenhum me olha tão torto quanto o meu.
E não me importo,
Não me importo.
Se amanhã for só desconsolo, desapego,
Bato perna e choro à toa -
Vida de mulher da vida -
Me declaro santinha.
Só, como todas e nenhuma,
Cleópatra apenas minha,
Naufragada na libertinagem de uma noite,
Exausta, largada, destroçada de dignidade.
Quando acordo acelerada,
Mais uma doce nuvem-sonho que se apaga.
O espaço entre suspiros é a verdade da distância,
A importância do frágil som dos passos.
Um olhar que me busca, uma voz que me sustenta,
E só resta a poesia para este lábio de inocência.
Não é sempre que procuro no inexato,
Pois – infeliz – é quase um nada que te tenho ao lado.
Queria sentir mais o impreciso, meu, nosso imprevisto.
Só assim permaneceriam calmos meus enganos.
Tenho-te às vezes e aos poucos,
Em distâncias, passos, espaços.
Raros, loucos caros são suspiros:
Único vínculo para nosso estreito laço.
Será para sempre viver a repreenda?
Será para nunca acalmar meu desencanto.
É do e para ele – amor – que canto:
Pois que é breve, e quase sempre feliz em seu desencontro.
sábado, 29 de setembro de 2007

A menina que acena lá longe para um mocinho distraído e ela mais, a saia voa, o carro passa, o cara grita "fiu, fiu, gostosa, hein?", e ela nem liga. Do outro lado aquele lá atravessa a rua e olha a menina, olha a menina, olha a menina, olha tanto que nem vê mais menina. Foi um bonde chamado desejo, foi uma divina comédia, a odisséia ou apenas a insustentável leveza do ser...Nunca ninguém saberá, o tempo urge - assim diria vovó - é preciso pressa para olhar cá dentro, é preciso não olhar, pois não há tempo.
Desnorteado, tentando entender que sua vida não era nada do que ele imaginava há cinco minutos, nosso mocinho entra no bar, acende um cigarro, e escreve - na cena mais clichê de cinema podre americano - era tudo espetáculo - e o barman com cara de simpático puxa conversa, o homem percebe e ignora, enquanto se perde naufragado naquele buraco de mar negro que contém o universo:
- um café, por favor.
Está aberta a sessão.